quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

A arte no miss Universo... Brasil!

Vejam... a grama do vizinho!...
O artista verdadeiro é aquele que, de alguma forma, provoca discussões, opiniões (pros e contra) acerca de suas obras. Não fosse assim seria por demais monótono produzir o que quer que fosse. Sadios conflitos levam ao aperfeiçoamento e, por consequência, à maestria.

Em terras tupiniquins reina uma máxima acerca das preferências nacionais. O primeiro requisito para o sucesso ou para ser valorizado, ainda que minimamente, é ser estrangeiro ou simplesmente vir “de fora”. É importado, é bom. Exceto se importado do Paraguai. Aí já é outra história.

Pois bem. No mundo-paralelo-tupiniquim a máxima do estrangeirismo-espetacular é tão latente que é impossível não ser percebido. Até mesmo os leigos no assunto percebem e por tabela acabam por concordar. A partir daí vai-se inflando um balão de ideias, não raras vezes equivocadas.

Qual o "tipo" mais brasileiro? TODOS SÃO
Vamos aos fatos. Por esse contexto, as misses estrangeiras são sempre mais “completas” em beleza; sempre são mais loiras ou mais eloquentes (ideia nem sempre estapafúrdia); uma brasileira até pode ser loira e quando o é, as vozes onipotentes bradam: “que linda, nem parece do Brasil!” ou “é tão bonita que parece australiana... É o sistema.

No que se refere às vestimentas (cascas-miss’ológicas) as ideias não são diferentes. Quando nossas candidatas aparecem a ostentar uma indumentária com perfeição saltitante aos olhos até dos desentendidos, muitos calam-se, ao que parece, temerosos de tecer algum elogio involuntário, a algum profissional compatriota.

Casos notórios de inconformismo ocorreram em 2007. A miss Brasil daquele ano brilhou no miss Universo e não só pela beleza, também pela força do traçado do vestido de gala que ostentara. Até hoje (e creio que sempre) muitos maldizem o estilismo do traje por ser “vulgar”; por ser na cor prata; por ter uma fenda...

Em 2011, o mesmo estilista-artista confeccionou o traje que coroaria miss Universo - a angolana Leila Lopes. Ali, foi difícil encontrar uma razão plausível para desmerecer o trabalho do “modista”. Ainda assim, a vilania ficou por canta das pluminhas que farfalhavam em pontos estratégicos daquela obra de arte em formato de roupa.

Nos dois anos seguintes, as nossas representantes no maior e mais moderno certame de beleza do mundo realizaram suas performances envoltas nas criações do mesmo artista brasileiro. Não diferente das ocasiões de outrora, a aprovação deu-se em massa, no entanto, com alguma massa reclusa, resistindo em admitir o óbvio.

Sem tantos argumentos, novamente sobrou para a “fenda” do vestido, quando faziam referência à espetacular precisão da obra esculpida e, posteriormente, conduzida por Gabriela Markus no miss Universo 2012. Seguindo a mesma linha, indiferente àquilo que os olhos viam, foi a vez do brilho espelhado das pedrarias, a cor em tom de rosa e, novamente, a fenda do vestido servirem de argumento, ainda que imprecisos, para desmerecer o mosaico encantador incrustado nas curvas perfeitas de Jakelyne Oliveira, em 2013.

Rogamos sempre por ideias novas. Nada contra. Na maioria das vezes, quando agimos no ímpeto das preferências pessoais nos esquecemos que todo artista tem um estilo, uma marca-registrada de suas obras. Em sendo assim, a inovação é certa, entretanto, aquele traço que o identifica precisa ser preservado. Essa é a grande e vantajosa nuance do artista de verdade: criar sua identidade própria e ainda que inove constantemente, a essência do trabalho sempre será mantida, porque intrínseca a um talento desprovido de cópia.

Quando aprendemos a olhar os detalhes nos damos conta de que o belo, vindo “de dentro” ou “de fora” sempre será belo e perfeito, porque original.

Nestes termos, que venham inovações, modernidade e ousadia; e que perdurem (entre uma inovação e outra) as “fendas”, as “pedrarias”, e todas as cores (ainda que as mortas) nas obras do artista que assina os trajes de noite das misses do Brasil.

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